Jonas: O Profeta que ODIOU a misericórdia de Deus

Tempo de leitura: 17 min

Escrito por renatorcortez@gmail.com
em outubro 26, 2025

Olá, aqui é Renato Cortez.

Seja bem-vindo ao nosso espaço de reflexão teológica. Hoje, vamos mergulhar fundo em um dos livros mais famosos e, ironicamente, mais mal compreendidos de toda a Bíblia.

Quando você ouve a palavra “Jonas”, o que vem à sua mente?

Tenho certeza que 99% das pessoas respondem: “A baleia”. (Ou o “grande peixe”, para sermos tecnicamente corretos).

Crescemos com essa história nas escolas dominicais. O profeta desobediente, o navio na tempestade, o homem sendo engolido e, três dias depois, cuspido na praia, pronto para obedecer. É uma história fantástica de aventura, desobediência e segunda chance.

Mas e se eu lhe dissesse que o livro de Jonas não é sobre uma baleia?

E se eu lhe dissesse que o grande peixe é apenas o “táxi” divino, um detalhe secundário na trama? E se eu lhe dissesse que o verdadeiro clímax da história não é Jonas sendo salvo do peixe, mas Jonas ficando com raiva de Deus?

Prepare-se. O que você NUNCA entendeu sobre Jonas é que esta não é uma história sobre um peixe; é uma tese teológica radical sobre a assustadora e imparável misericórdia de Deus, e sobre como o maior obstáculo para essa misericórdia pode ser o próprio povo de Deus.


Parte 1: O Contexto da Raiva (Por que Jonas Fugiu?)

Para entender o livro, precisamos primeiro apagar a imagem do profeta covarde que fugiu por medo de ser ridicularizado ou por medo dos ninivitas. Jonas não era um covarde. Jonas era um nacionalista fervoroso e profundamente preconceituoso.

E, para ser justo com ele, ele tinha motivos para isso.

Quem Era Jonas?

Jonas, filho de Amitai, não é um personagem fictício. Ele é mencionado em 2 Reis 14:25. Ele era um profeta do Reino do Norte (Israel) durante o reinado de Jeroboão II, um período de prosperidade e expansão militar. Jonas era um profeta “do sistema”. Ele profetizou coisas boas para Israel, como a restauração de suas fronteiras. Ele amava Israel.

Quem Era Nínive?

Aqui está o cerne da questão. Deus não manda Jonas para Samaria (sua casa) ou Judá (seus irmãos). Deus o manda para NÍNIVE.

Nínive não era apenas “outra cidade”. Nínive era a capital do Império Assírio.

Se você acha que o mundo hoje é brutal, você precisa estudar os Assírios. Os Assírios não eram apenas conquistadores; eles eram terroristas de estado. Eles inventaram a crucificação (ou pelo menos a popularizaram). Eles empalavam seus inimigos. Esfolavam os líderes das cidades conquistadas vivos e penduravam suas peles nos muros da cidade como aviso. Eles deportavam populações inteiras, destruíam culturas e se orgulhavam de sua crueldade em seus próprios registros reais.

Para Jonas, Nínive era o mal encarnado. Era a Coreia do Norte, o ISIS, o Terceiro Reich e o cartel de drogas mais violento, tudo em um só lugar. Nínive era a ameaça existencial que pairava sobre Israel, destinada a, eventualmente, destruir o Reino do Norte (o que historicamente aconteceu em 722 a.C.).

O Comando e a Fuga (Capítulo 1)

Deus diz a Jonas: “Levanta-te, vai à grande cidade de Nínive e clama contra ela, porque a sua malícia subiu até mim” (Jonas 1:2).

A reação de Jonas é imediata. Ele não discute. Ele não negocia. Ele não pede um exército.

Ele foge.

Mas preste atenção para onde ele foge. Ele vai para Jope (um porto marítimo) e compra uma passagem para Társis. Onde fica Társis? Ninguém sabe ao certo, mas é consenso que era o ponto mais distante conhecido no Mediterrâneo, provavelmente na costa da Espanha.

Nínive ficava a leste. Társis ficava no extremo oeste. Jonas não estava apenas se escondendo; ele estava indo na direção diametralmente oposta. Ele estava tentando fugir para o fim do mundo conhecido.

A pergunta crucial é: Por que ele fugiu?

A resposta tradicional diz: “Ele estava com medo”. Mas isso não faz sentido. Ele era um profeta de Deus. Ele enfrenta uma tempestade mortal e diz calmamente: “Me joguem no mar” (Jonas 1:12). Isso não é atitude de covarde.

Ele fugiu, e ele mesmo nos diz o porquê mais tarde no livro (em 4:2), porque ele tinha medo do sucesso.

Jonas conhecia Deus muito bem. Ele sabia que se ele fosse a Nínive e pregasse, havia uma chance de que aqueles monstros odiosos se arrependessem. E se eles se arrependessem, Jonas sabia que Deus, em sua misericórdia absurda, os perdoaria.

Jonas não queria que Nínive fosse perdoada. Ele queria que Nínive fosse destruída. Ele queria que Deus agisse como o Deus de Israel e julgasse os inimigos de Israel.

A fuga de Jonas não foi um ato de medo; foi um ato de sabotagem teológica. Ele preferia morrer no mar a ser o instrumento da salvação de seus inimigos.


Parte 2: A Tempestade, os Pagãos e o Peixe (A Lição de Contraste)

O Capítulo 1 é uma obra-prima de ironia teológica. Jonas, o profeta de Deus, entra no navio e, em meio a uma tempestade que ameaça partir a embarcação, ele está… dormindo.

Enquanto isso, quem está agindo de forma “religiosa”? Os marinheiros pagãos.

“Então, os marinheiros tiveram medo e clamavam, cada um ao seu deus; e lançaram no mar as cargas que estavam no navio, para o aliviarem.” (Jonas 1:5)

Eles estão orando, estão sacrificando suas propriedades. O capitão vai acordar Jonas e diz: “Que se passa contigo, ó dorminhoco? Levanta-te, invoca o teu Deus; talvez assim esse Deus se lembre de nós, para que não pereçamos” (1:6).

É o pagão que está mandando o profeta orar.

Quando eles lançam sortes e descobrem que Jonas é o culpado, eles o interrogam. A resposta de Jonas é o auge da hipocrisia:

“Eu sou hebreu e temo ao SENHOR, o Deus do céu, que fez o mar e a terra seca.” (Jonas 1:9)

Sério, Jonas? Você “teme” ao Deus que fez o mar, e você está fugindo dEle… em um navio?

Jonas está tão comprometido com sua missão de sabotagem que prefere morrer. “Tomai-me e lançai-me ao mar” (1:12).

Mas note, os marinheiros pagãos, que deveriam ser “bárbaros”, tentam salvar Jonas. “Todavia, os homens remavam, esforçando-se por alcançar a terra, mas não podiam” (1:13). Eles valorizam a vida de Jonas mais do que o próprio Jonas.

Somente quando não há mais esperança, eles oram ao Deus de Jonas, pedindo perdão por matar um inocente, e o lançam ao mar.

E o que acontece? O mar se acalma. A reação deles?

“Temeram, pois, os homens ao SENHOR com grande temor; e ofereceram sacrifícios ao SENHOR e fizeram votos.” (Jonas 1:16)

Aqui está a primeira ironia devastadora: Os pagãos no navio se convertem. O primeiro grupo de “gentios” na história é salvo, não pela pregação de Jonas, mas apesar dela. Jonas conseguiu evangelizar acidentalmente enquanto tentava fugir de sua missão.

O “Grande Peixe”: A Punição que é Resgate

E então, “preparou o SENHOR um grande peixe, para que tragasse a Jonas” (1:17).

A palavra hebraica é dag gadol (grande peixe). O Novo Testamento usa a palavra grega kētos (monstro marinho), que foi traduzida como “baleia” na versão King James. Não importa o que era; importa por que estava lá.

O peixe não é uma punição. A punição seria o afogamento. O peixe é o resgate.

Deus está dizendo a Jonas: “Eu não vou deixar você escapar. Eu não vou deixar você morrer. Eu levo minha missão a sério, mesmo que você não leve. Vou colocá-lo no ‘cantinho do pensamento’ mais estranho da história até que você esteja pronto para obedecer.”

A Oração de Jonas (Capítulo 2)

Dentro do peixe, Jonas ora. O Capítulo 2 é um Salmo de Ação de Graças. É lindo, poético e cheio de citações de outros Salmos. Jonas agradece a Deus por salvá-lo da morte, do sheol, das profundezas.

Mas note o que está faltando nesta oração.

Não há uma única palavra de arrependimento.

Jonas não diz: “Senhor, eu estava errado sobre Nínive”. Ele não diz: “Eu odeio meus inimigos e pequei contra Ti”. Ele não diz: “Ok, eu vou pregar com o coração aberto”.

Ele basicamente diz: “Obrigado por me salvar do afogamento. Agora me tire daqui que eu vou fazer o que o Senhor mandou”.

Jonas é salvo fisicamente do mar, mas seu coração teológico ainda está duro como pedra. Ele vai para Nínive não porque mudou de ideia sobre a misericórdia, mas porque percebeu que não pode fugir de Deus. Ele vai como um funcionário emburrado, obrigado a cumprir uma tarefa que odeia.


Parte 3: O Pior Sermão, O Maior Reavivamento (Capítulo 3)

Deus comanda o peixe, e ele vomita Jonas em terra seca (provavelmente não foi uma experiência agradável, o que talvez tenha aumentado sua raiva).

E Deus, em sua paciência infinita, dá a segunda chance. “Levanta-te e vai à grande cidade de Nínive e prega contra ela a mensagem que eu te digo” (Jonas 3:2).

Jonas vai.

Nínive era “uma cidade mui grande, de três dias de jornada” (3:3). Isso provavelmente significava o tempo necessário para atravessar toda a área metropolitana.

Jonas entra na cidade, caminha “um dia” e começa a pregar. E aqui temos o que deve ser o pior, mais curto e mais raivoso sermão da história da evangelização:

“Ainda quarenta dias, e Nínive será subvertida.” (Jonas 3:4)

É isso. Apenas cinco palavras no hebraico (‘od arba’im yom we-nineweh nehpaket).

Analise esta “mensagem”:

  1. Não há menção de “Deus” ou “YHWH”. Ele não diz quem vai destruir.
  2. Não há menção do “pecado”. Ele não diz por que eles serão destruídos.
  3. Não há oferta de “esperança”. Ele não diz “Arrependam-se e…”
  4. Não há “misericórdia”. É apenas uma sentença de morte.

A palavra hebraica para “subvertida” (nehpaket) é a mesma usada para descrever a destruição de Sodoma e Gomorra. Jonas estava, essencialmente, andando pela Times Square de Nínive gritando: “Em 40 dias, vocês vão queimar!”.

Ele estava fazendo o mínimo absoluto. Ele entregou o telegrama de condenação e, sem dúvida, sentou-se para esperar o fogo do céu.

O Choque: O Arrependimento Total

O que acontece a seguir é o segundo milagre do livro (o primeiro foi o peixe). E, francamente, este é o mais inacreditável.

“E os homens de Nínive creram em Deus…” (Jonas 3:5)

O quê? Baseado naquele sermão?

Eles não apenas “creram”. Eles agiram.

  1. Proclamaram um jejum.
  2. Vestiram-se de saco (sinal de luto profundo).
  3. O rei desce do trono, tira suas vestes reais, cobre-se de saco e senta-se na cinza.
  4. O rei emite um decreto oficial: “Nem homens, nem animais… provem coisa alguma… mas sejam cobertos de saco, e clamarão fortemente a Deus; e converter-se-á cada um do seu mau caminho e da violência que há nas suas mãos.” (3:7-8).

Até os animais jejuaram e usaram sacos. É uma cena quase cômica em sua totalidade, mas o ponto é claro: este foi o arrependimento mais rápido, completo e unânime já registrado.

O rei pagão de Nínive, o tirano mais temido do mundo, prega um sermão melhor que o de Jonas: “Quem sabe se voltará Deus, e se arrependerá, e se apartará do furor da sua ira, de sorte que não pereçamos?” (3:9).

O pagão entendeu o que o profeta se recusou a aceitar: a possibilidade da misericórdia.

Deus “se Arrepende”

“E Deus viu as obras deles, como se converteram do seu mau caminho; e Deus se arrependeu do mal que tinha dito lhes faria e não o fez.” (Jonas 3:10)

Esta é uma das declarações teológicas mais importantes do livro. Deus não “muda de ideia” como um humano. O “arrependimento” de Deus (em hebraico, niham) significa que Ele “se consolou” ou “mudou de curso”. A misericórdia não é um plano B; é o plano A.

A justiça de Deus exigia uma resposta ao pecado (destruição). O arrependimento de Nínive satisfez essa exigência, permitindo que o atributo primário de Deus (misericórdia) agisse livremente.

Nínive é salva. O inimigo é perdoado.

A missão foi um sucesso estrondoso. O maior reavivamento da história do Antigo Testamento aconteceu.

E Jonas? Ele deveria estar feliz, certo?


Parte 4: A Verdadeira Lição (A Raiva do Profeta no Capítulo 4)

Aqui, chegamos ao verdadeiro clímax do livro. Se a história fosse sobre desobediência e segunda chance, terminaria no capítulo 3, com Jonas liderando um “Aviva Nínive” e todos cantando hinos.

Mas o livro continua, porque a história nunca foi sobre Nínive. Foi sempre sobre Jonas.

“Mas isso desagradou extremamente a Jonas, e ele ficou com muita raiva.” (Jonas 4:1 – NVI)

A palavra hebraica para “desagradou” é ra’ah, o mesmo radical usado para a “maldade” (ra’ah) de Nínive no capítulo 1. Para Jonas, a misericórdia de Deus para com Nínive era um ato tão maligno quanto a violência de Nínive.

Jonas está furioso. Ele explode em oração. E agora, finalmente, temos a confissão. Temos a verdadeira razão pela qual ele fugiu no Capítulo 1.

“E orou ao SENHOR e disse: Ah! SENHOR! Não foi isso o que eu disse, estando ainda na minha terra? Por isso, me preveni, fugindo para Társis, pois eu sabia que és Deus compassivo e misericordioso, longânimo e grande em benignidade e que te arrependes do mal.” (Jonas 4:2)

Pare e leia isso de novo.

Jonas não está com raiva porque Deus é cruel. Ele está com raiva porque Deus é bom.

Ele está citando o credo fundamental de Israel, a auto-revelação de Deus a Moisés em Êxodo 34:6, como uma acusação. É como se ele dissesse: “Eu sabia! Eu sabia que você era assim! Eu sabia que você era um ‘coração mole’ e que perdoaria esses assassinos! Foi por isso que eu fugi!”

O pecado de Jonas não era o medo. Era o nacionalismo tacanho. Era o ciúme teológico. Ele acreditava que a misericórdia de Deus era uma propriedade privada de Israel, e ele não suportava a ideia de que Deus pudesse amar os Assírios tanto quanto amava os israelitas.

Jonas estava tão devastado pelo perdão de Nínive que ele pede para morrer.

“Peço-te, pois, ó SENHOR, tira-me a vida, porque melhor me é morrer do que viver.” (Jonas 4:3)

Ele preferia estar morto a viver em um mundo onde Deus perdoa seus inimigos.

A Lição Final: A Planta, o Verme e o Vento

Deus não repreende Jonas. Ele não o fulmina com um raio. Ele, pacientemente, tenta ensinar seu profeta teimoso pela última vez.

Jonas sai da cidade (provavelmente ainda esperando que Deus mude de ideia e a destrua), constrói uma cabana e fica lá, emburrado.

Deus, então, orquestra uma parábola viva:

  1. A Planta: Deus faz crescer uma planta (provavelmente uma mamoneira) que dá sombra a Jonas. E Jonas “alegrou-se… com grande alegria” (4:6). Ele finalmente fica feliz, não pela salvação de 120.000 almas, mas por uma planta que lhe deu conforto.
  2. O Verme: No dia seguinte, Deus prepara um verme que ataca a planta, e ela seca.
  3. O Vento: Deus envia um vento oriental quente e o sol bate na cabeça de Jonas.

Jonas, mais uma vez, fica furioso e quer morrer. “Melhor me é morrer do que viver” (4:8).

E agora, Deus dá o golpe final. A pergunta que encerra o livro:

“E disse Deus a Jonas: É razoável essa tua ira por causa da planta? E ele disse: É razoável a minha ira até à morte.”

“E disse o SENHOR: Tiveste compaixão da planta, na qual não trabalhaste, nem a fizeste crescer, que numa noite nasceu e numa noite pereceu;

E não hei de eu ter compaixão da grande cidade de Nínive, em que estão mais de cento e vinte mil homens que não sabem discernir entre a mão direita e a mão esquerda, e também muitos animais?” (Jonas 4:9-11)

Esta é a lição.

Jonas teve pena (compaixão) de uma planta—algo pelo qual ele não trabalhou, que era temporário e que servia apenas ao seu conforto pessoal.

Deus pergunta: “Você se importa tanto com uma planta, e Eu não posso me importar com uma cidade inteira? 120.000 pessoas (a frase ‘que não sabem discernir’ é uma expressão para crianças ou, mais provavelmente, para a ignorância moral total; eles estavam perdidos) e até mesmo os animais?”

O livro termina abruptamente. Ele termina com uma pergunta de Deus para Jonas.

Não sabemos a resposta de Jonas.

E essa é a genialidade do livro. A pergunta não é para Jonas. A pergunta é para nós.


Parte 5: A Teologia de Jonas (O que o Livro Significa para Nós)

Se você chegou até aqui, você percebeu que a história do “profeta engolido pela baleia” é um disfarce para uma das teologias mais radicais e desconfortáveis do Antigo Testamento.

O livro de Jonas é um espelho. E quando olhamos para ele, não vemos um profeta de 800 a.C. Nós vemos a nós mesmos.

1. O Perigo do Nacionalismo Religioso

Jonas é o retrato do homem que confundiu seu partido político com o Reino de Deus. Ele confundiu seu patriotismo (amar Israel) com a teologia (acreditar que Deus só ama Israel).

O livro é um ataque direto ao exclusivismo. Deus estava ensinando a Israel (e a nós) que Ele não é um Deus tribal. Sua misericórdia não conhece fronteiras. Ele ama os “inimigos”. Ele ama os Assírios, os babilônios, os sírios, os russos, os americanos, os chineses… e sim, Ele ama aquela pessoa que você mais odeia.

2. O “Outro” é o Protagonista

Pense nos personagens:

  • O Profeta (Jonas): Desobediente, racista, raivoso, hipócrita, suicida.
  • Os Marinheiros Pagãos: Tementes a Deus, valorizam a vida, oram, sacrificam e se convertem.
  • O Grande Peixe: Obedece a Deus perfeitamente.
  • A Cidade de Nínive: Os piores pecadores do mundo, mas se arrependem imediatamente e totalmente ao primeiro sinal de julgamento.
  • A Planta, o Verme, o Vento: Obedecem a Deus perfeitamente.

O único personagem em toda a história que desobedece a Deus é o profeta. O “herói” é o único vilão. Todos os “pagãos” e a “natureza” respondem a Deus melhor do que o homem que “temia ao SENHOR”.

3. Nós Somos Jonas

É fácil julgar Jonas. Mas quem é a sua Nínive?

Quem é a pessoa ou grupo que, se você lesse no jornal que eles foram salvos, convertidos ou abençoados, faria seu estômago revirar um pouco?

É o político do partido oposto?

É o terrorista que cometeu uma atrocidade?

É o seu ex-parceiro que arruinou sua vida?

É o vizinho que ouve música alta?

Jonas somos nós toda vez que colocamos um limite na graça de Deus. Somos Jonas toda vez que celebramos a justiça para os “maus” (que são todos que não concordam conosco) e exigimos misericórdia para os “bons” (que somos nós e nossos amigos).

Jonas se alegrou com a planta (sua bênção pessoal, seu conforto, sua teologia) e ficou com raiva da salvação de Nínive (a misericórdia universal de Deus). Nós fazemos o mesmo.


Parte 6: O Sinal de Jonas (A Conexão com Jesus)

O livro de Jonas é tão importante que o próprio Jesus Cristo o usa como seu principal “sinal” para os fariseus. Mas, assim como a história da baleia, geralmente entendemos esse sinal pela metade.

Em Mateus 12:39-41, Jesus diz:

“Uma geração má e adúltera pede um sinal, e nenhum sinal lhe será dado, senão o sinal do profeta Jonas. Pois, como Jonas esteve três dias e três noites no ventre do grande peixe, assim estará o Filho do Homem três dias e três noites no seio da terra.”

Essa é a conexão óbvia: os três dias. Morte e ressurreição.

Mas Jesus não para aí. Ele continua:

“Os homens de Nínive se levantarão no juízo com esta geração e a condenarão, porque se arrependeram com a pregação de Jonas; e eis que está aqui quem é maior do que Jonas.

Jesus está dizendo algo muito mais profundo. O “Sinal de Jonas” não é apenas a ressurreição. O Sinal de Jonas é um profeta relutante pregando uma mensagem de juízo aos gentios (Nínive), e os gentios se arrependendo.

Jesus é o verdadeiro Jonas.

  • Jonas foi enviado a Nínive (gentios); Jesus foi enviado ao mundo (gentios).
  • Jonas foi “cuspido” após três dias; Jesus ressuscitou após três dias.

Mas o contraste é o mais importante:

  • Jonas foi para Nínive com ódio e relutância; Jesus foi para a cruz com amor e obediência.
  • Jonas pregou o pior sermão possível e ficou com raiva quando as pessoas se arrependeram.
  • Jesus pregou o Evangelho perfeito, morreu por seus inimigos (nós) e se alegra com cada pecador que se arrepende.

Jesus estava dizendo aos fariseus (os “Jonas” de sua época): “Vocês, o povo de Deus, estão me rejeitando. Mas os ‘pagãos’, os ‘ninivitas’ (os cobradores de impostos, as prostitutas, os romanos), estão ouvindo minha mensagem e se arrependendo. E eles envergonharão vocês no juízo.”

Conclusão: Saindo da Barriga do Peixe

O livro de Jonas não é uma história infantil sobre um peixe. É um tratado teológico adulto sobre a misericórdia.

O peixe é apenas o meio de transporte que Deus usa para levar um profeta teimoso de volta à missão que ele odeia. A verdadeira história é o confronto entre um Deus cuja misericórdia é tão vasta quanto o oceano, e um homem cuja misericórdia é tão pequena quanto a sombra de uma planta.

O livro termina com a pergunta de Deus pairando no ar: “Eu me importo com eles. E você?”

Deus se importa com os seus inimigos. Ele se importa com Nínive. E a grande questão que o livro de Jonas nos deixa não é “como um homem sobreviveu dentro de um peixe?”, mas sim:

“Eu consigo lidar com um Deus que ama as pessoas que eu odeio?”

Que possamos ser menos como Jonas, o profeta que queria juízo, e mais como Jesus, o Salvador que se tornou o juízo, para que até mesmo Nínive—e nós—pudéssemos encontrar misericórdia.


Por Renato Cortez.

E você? Quem é a sua Nínive? Deixe sua reflexão nos comentários abaixo.

Você vai gostar também:

Para enviar seu comentário, preencha os campos abaixo:

Deixe um comentário


*


*


Seja o primeiro a comentar!

JUNTE-SE Á NOSSA LISTA DE SUBSCRITORES

Entre para nossa lista e receba conteúdos exclusivos e com prioridade

Aprofunde sua Fé com Nosso Curso Básico em Teologia

Descubra os Fundamentos da Teologia e Fortaleça sua Jornada Espiritual

Acesso vitalício ao material

Comunidade exclusiva de alunos

recursos adicionais como e-books e mapas mentais